Os caminhos para a formação de professores
Formar os professores é a principal função do coordenador pedagógico. Veja as melhores estratégias para cumprir essa missão
Dentro da escola, a função de coordenador pedagógico nem sempre é bem delimitada.
Muitos acham que o profissional que exerce o cargo é um auxiliar do diretor
para as questões burocráticas. Outros acreditam que cabe a ele resolver os
problemas disciplinares dos alunos. E o pedagógico que está na denominação do
cargo quase sempre é esquecido. Porém é essa palavra que define a tarefa do
coordenador: fazer com que os professores se aprimorem na prática de sala de
aula para que os alunos aprendam sempre. Para isso, ele só tem um caminho:
realizar a formação continuada dos docentes da escola.
A confusão sobre as tarefas do coordenador - em muitas redes também
chamado de orientador ou supervisor pedagógico - está relacionada a concepções
diferentes sobre a maneira como ele se torna um bom profissional. Há quem
acredite que ensinar é uma vocação e, por isso, o "dom" nasceria com
a pessoa. Outros afirmam que ele aprende por tentativa e erro, acumulando
experiências de sala de aula. E ainda existem os que defendem que o domínio do
"como ensinar" vem da mera reprodução de roteiros prontos de aulas e
de atividades. A necessidade de haver formação continuada só surge quando o
professor é visto como um profissional que deve sempre aperfeiçoar sua prática
ao fazer um trabalho de reflexão sobre ela e tem contato com o conhecimento
didático. É aí que surge o papel de formador do coordenador pedagógico, que se
torna imprescindível para orientar esse processo.
Para bem cumprir a função, ele deve estar sempre atualizado (o que
significa estudar muito) com as didáticas específicas - compostas dos saberes
sobre os conteúdos, da forma de ensinar cada um deles e da maneira como as
crianças aprendem. As pesquisas sobre elas costumam ser divulgadas em
seminários, livros, internet e em diversas reportagens publicadas pela revista
NOVA ESCOLA. É com esse conhecimento que o coordenador pedagógico planeja os
encontros de formação. Nele, ele tem dois principais caminhos a percorrer: o da
dupla conceitualização e o da tematização da prática. Ambos você conhecerá em
detalhes nesta reportagem.
Dupla conceitualização
Dupla conceitualização
É a estratégia que permite dois aprendizados simultâneos: sobre o objeto
de ensino e sobre as condições didáticas para ensiná-lo.
Essa estratégia surgiu dentro da didática da Matemática e os programas
de formação mais atualizados estão fundamentalmente apoiados nesse tipo de
intervenção. Ela recebe esse nome por permitir que, durante a formação, ocorram
paralelamente dois aprendizados: sobre o objeto de ensino e sobre as condições
didáticas necessárias para que os alunos se apropriem dos conteúdos, conforme
explica a educadora argentina Delia Lerner no livro Ler e Escrever na
Escola: o Real, o Possível e o Necessário. Outras áreas também começaram a
usá-la, com destaque para Leitura e Escrita, na década de 1990.
A dupla conceitualização envolve duas etapas principais. Na primeira, o
coordenador propõe uma atividade desafiadora para os professores. O objetivo é
fazer com que eles vivenciem a situação de aprendizagem e identifiquem os
conhecimentos que estão em jogo para ensinar determinado conteúdo. Se o tema da
formação é o desenvolvimento da competência escritora, é possível propor ao
grupo a produção de um texto e, durante o processo, fazer as intervenções
necessárias usando os procedimentos envolvidos na construção textual, como o planejamento
e a revisão. "Durante essa fase, o formador pode reconceitualizar os
conteúdos, tornando observável o que os professores têm de ensinar. No caso da
escrita, as intervenções devem mostrar que o conteúdo em jogo não é uma fórmula
para ensinar e produzir os diferentes gêneros, mas a construção de competências
leitoras e escritoras no aluno", explica Paula Stella, coordenadora do
Centro de Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac), em São Paulo.
Na segunda etapa, o formador mostra como ensinar. Com base na atividade
feita pelo grupo, ele promove uma discussão sobre as condições proporcionadas
para realizá-la, a maneira como foi feito o planejamento, as intervenções do
coordenador e o motivo de elas terem sido usadas - e levanta hipóteses sobre
como ensinar determinado conteúdo. No fim, os professores devem ser capazes de
planejar um plano de aula ou uma sequência didática para os alunos dentro da
perspectiva estudada. "Apesar de serem mais difundidas na Matemática e na
Leitura e Escrita, as situações de dupla conceitualização podem ser adaptadas à
reflexão sobre o ensino de qualquer disciplina desde que sejam garantidas as
duas etapas: a reconceitualização do conteúdo e o modo de ensiná-lo",
afirma Regina Scarpa, coordenadora pedagógica da Fundação Victor Civita.
Há alguns anos, Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de
Educação, utiliza essa prática com sucesso durante os cursos de formação de
professores e coordenadores pedagógicos que realiza em 30 municípios baianos:
"Uso essa estratégia quando percebo que os professores desconhecem os
conteúdos ou têm uma visão equivocada sobre eles". Foi o que ela fez ao
constatar que os professores do Ensino Fundamental tinham dificuldade em
desenvolver procedimentos de estudo e, consequentemente, não sabiam como
ensinar os alunos a estudar e a interpretar textos longos e complexos. Ela
resolveu realizar uma situação de dupla conceitualização para que os docentes
também aprendessem a fazer resumos, uma das maneiras mais eficientes de estudar
(leia o depoimento de Neurilene abaixo).
Aprender e ensinar
Foto: Valter Pontes
"Em um curso de formação, incluí uma situação de dupla
conceitualização para que os professores aprendessem a resumir e, com isso,
pudessem ensinar os alunos como estudar. Levantei as dúvidas e selecionei
vários textos sobre como ensinar a ler para estudar, que serviram como
referenciais teóricos sobre o objeto de ensino, ao mesmo tempo em que era
preciso interpretá-los e resumi-los. Previ a organização do grupo em duplas,
momentos de leitura e de tomada de notas, discussão sobre as abordagens de cada
autor e a escrita de resumos, que seriam lidos pelos colegas. Na segunda etapa,
analisamos os procedimentos usados e as intervenções feitas por mim que tinham
ajudado na execução da atividade.
Eles conseguiram identificar algumas, e outras eu precisei explicitar.
Com base no que tínhamos discutido, elaboramos uma sequência didática para
ensinar os alunos a estudar."
Neurilene Ribeiro, formadora do Instituto Chapada de Educação, de Salvador
Tematização da prática
"Tematizar significa retirar algo do cotidiano, fazer um recorte da
realidade, para, então, transformá-lo em objeto de reflexão. É teorizar",
explica Telma Weisz, professora, pesquisadora e uma das pioneiras na introdução
dessa estratégia no Brasil.
Antes de tematizar sobre a prática, é preciso capturá-la na forma de
relatos e registros. Na primeira categoria, estão as escritas profissionais,
como os relatórios e os diários de classe elaborados pelos professores. É
importante ter clareza de que os relatos são sempre uma impressão da realidade,
condicionada pelos saberes prévios de quem os produziu. Com base neles, é
possível ter acesso às concepções dos professores. Já os registros são a
documentação da prática que não passa pelo filtro ou pela interpretação de um
relator. Aí estão as gravações feitas em vídeo ou áudio de uma aula e a
observação em sala feita pelo coordenador pedagógico. Por não passarem por
interpretação, eles permitem saber o que de fato ocorreu durante a interação
entre aluno e professor. Por fim, essa ferramenta também pode ser usada tendo
como base o planejamento de projetos didáticos e institucionais, sequências
didáticas, planos de aula, rotina, portfólios dos alunos e até o projeto
pedagógico - documentos que, ao serem elaborados em parceria entre professores
e formadores, possibilitam a tematização em tempo real.
Para que ela aconteça de forma satisfatória, algumas condições básicas
precisam existir. Devem ser usadas boas práticas como modelos para análise e
discussão. Eles podem ser conseguidos dentro da própria escola ou trazidos de
fora. Caso o professor que terá seus registros estudados seja da equipe, ele
deverá aceitar os objetivos didáticos da tematização, estar consciente dos
ganhos que terá no processo e concordar em socializar seus escritos com os
colegas. Esse planejamento é fundamental para que a estratégia não se torne um
julgamento da prática sem resultados formativos. "Não adianta registrar
uma situação inadequada para dizer aos professores o que não funciona. É
preciso ser afirmativo. O ideal são situações das quais seja possível extrair a
teoria previamente estudada e os procedimentos aplicáveis a outras situações da
mesma natureza", ensina Regina Scarpa. É papel do coordenador trazer as referências
teóricas necessárias para embasar a análise durante a formação.
Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, em São
Paulo, faz a formação continuada para os professores especialistas do segundo
ciclo do Ensino Fundamental: "Como eles já dominam bem os conteúdos das
respectivas áreas, é imprescindível que eu estude as didáticas específicas de
cada disciplina para ajudá-los a melhorar a maneira de ensinar".
Em uma atividade de Geometria para o 9º ano, Ivone usou os relatórios dos
professores para fazer a tematização da prática. "Notei, durante os
encontros de formação, que muitos tinham dificuldade em fazer intervenções
quando a turma estava trabalhando com a resolução de problemas que exigiam
dedução e muitos simplesmente nada faziam", conta ela (leia mais no
depoimento abaixo).
Registros reveladores
Foto: Rogério Albuquerque
"Usei os relatórios das aulas de Geometria para discutir com os
professores como intervir quando os alunos estão trabalhando com processos
dedutivos. Primeiro, montamos uma sequência didática que levasse as turmas do
9º ano a chegar a alguns conceitos. Nela estavam previstos os agrupamentos que
seriam feitos e os conhecimentos que os alunos precisariam ter. Li muito sobre
processos dedutivos antes de analisar os relatórios dos professores, que
revelavam a atuação deles e os momentos em que tinham dificuldade de intervir.
Verificamos que os alunos percebiam que os ângulos inscritos em uma
semicircunferência eram retos, mas eles não sabiam explicar o porquê.
Concluímos, então, que aqueles eram os momentos certos para a interferência:
quando eles demonstrassem precisar
de mais informações para progredir."
Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, de São Paulo
de mais informações para progredir."
Maria Ivone Domingues, coordenadora pedagógica da Escola da Vila, de São Paulo
De todos os tipos de registro, a gravação em vídeo é considerada a que
tem o maior potencial formativo. "Ela permite que a prática seja analisada
como ela realmente acontece, sem o viés interpretativo ao qual os relatórios
estão sujeitos", afirma Paula Stella, do Cedac. Helena Cristina Ruiz,
coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, em São José
dos Campos, a 100 quilômetros de São Paulo, usa com frequência o vídeo para
fazer a formação continuada das professoras de sua escola, que ocorre duas
vezes por semana, em encontros de duas horas e meia. No começo do ano, ela
planeja com toda a equipe a rotina para a creche e a pré-escola. Está prevista
a realização de várias rodas de leitura, brincadeiras no parque e cantos de
atividades diversificadas. "Por meio da observação da sala de aula,
percebi que o que propusemos inicialmente não estava funcionando na maioria das
salas. O problema estava na gestão do tempo e do espaço durante os cantinhos:
algumas professoras ultrapassavam o tempo estipulado - fazendo com que a
maioria das crianças ficasse cansada - ou tentavam ensinar conteúdos em um
momento que deve ser de livre escolha", relata Leninha, como é conhecida
na escola. Os cantinhos são organizados com jogos, livros e brinquedos e têm como
objetivo estimular a autonomia dos pequenos, que devem escolher onde querem
ficar.
Depois de identificar onde estava o entrave, a coordenadora pedagógica
foi atrás de um bom modelo. Encontrou-o dentro da própria equipe e decidiu que
seria com ele que faria a tematização da prática. "Uma das professoras era
muito organizada e criativa nas propostas, sabia como encaminhar as atividades
e gerir a sala de uma maneira eficiente e concordou em compartilhar a
experiência com as colegas. Juntas, fizemos um planejamento combinando que
gravaríamos diferentes propostas, já prevendo as possíveis intervenções que
seriam feitas. Gravei meia hora só com as atividades diversificadas que ela
fazia com os pequenos", conta Leninha (leia o depoimento
dela abaixo).
Bons modelos
Foto: Rogério Albuquerque
"O vídeo foi importante para discutir com as professoras como
trabalhar com os cantos temáticos. Gravei as intervenções de uma delas, que
tinha um bom procedimento, para ser a base da discussão. Durante a exibição,
refletimos sobre como foram feitas a organização da sala e a seleção dos
materiais e a maneira de receber as crianças. Pudemos também analisar o papel
das intervenções da professora. Discutimos as condições criadas para que os
alunos encerrassem as atividades na hora prevista e guardassem os materiais -
muitas professoras que estavam em formação tinham dificuldade nessa
finalização. A observação do registro em vídeo foi útil para o grupo ter
contato com um bom modelo de organização dos cantos. Outra grande lição foi que
as educadoras precisavam controlar a ansiedade para não dirigir todas as
situações, já que esse tipo de atividade tem como foco a autonomia das
crianças."
Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, de São José dos Campos (SP)
Helena Cristina Ruiz, coordenadora pedagógica da EMEI Professora Maria Alice Pasquarelli, de São José dos Campos (SP)
No fim: a aprendizagem
Os dois caminhos trilhados - a dupla conceitualização e a tematização da
prática - se encontram no fim. Bem trilhados, levam à aprendizagem dos alunos.
Ao reconhecer que os professores podem (e devem) construir continuadamente a
reflexão sobre a prática e de que a base dos processos formativos são os
conhecimentos didáticos que decorrem desse processo, o coordenador é capaz de
fazer uso das estratégias de maneira a produzir uma escola dinâmica,
independente e capaz de se adaptar constantemente às mudanças e exigências dos
processos de ensino e aprendizagem.
Ser formador é oferecer a teoria e as condições para aprimorar a
prática. É reunir opiniões e concepções da equipe em torno de um projeto
pedagógico. É fazer com que os professores consigam ver além dos hábitos e
conceitos adquiridos com a experiência e a formação inicial, por meio da
sistematização do que ocorre em sala de aula. "Ao se tornar um formador,
dominando as estratégias e o conhecimento didático, o coordenador assume sua
responsabilidade e seu papel decisivo para a aprendizagem dos alunos",
finaliza Regina Scarpa.
* Leitores que sugeriram a reportagem: Márcia Maria da Silva, São Paulo,
SP, Adailza de Souza Melo, Presidente Médici, RO, Gilza Carvalho Soares,
Ipatinga, MG, Pedro Garcia Coitinho, Portão, RS, Márcia Siqueira Cabral,
Anápolis, GO
Os seis papéis equivocados do Coordenador Pedagógico
Saibam quais são as atribuições
que sobrecarregam o responsável pela formação dos professores e fazem com que
ele deixe de realizar suas tarefas essenciais
O fiscal
Perfil Ele parece que está na escola só para verificar se tudo está nos
conformes. A pesquisa O Coordenador Pedagógico e a Formação de Professores: Intenções, Tensões
e Contradições, encomendada pela Fundação Victor Civita (FVC) à
Fundação Carlos Chagas (FCC), revelou que 55% dos coordenadores conferem se as
classes estão limpas e 72% inspecionam a entrada e saída de alunos todos os
dias. Há casos em que o profissional assume a postura de inspetor até quando
tenta ser formador. "Se fizer a observação de sala de aula e a análise da
prática pedagógicas somente para pegar erros, estará desvirtuando o seu
trabalho, que é ser o parceiro mais experiente do professor", afirma
Laurinda Ramalho de Almeida, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUC-SP).
Como evitar Um funcionário administrativo pode conferir as condições das salas. A fim de dar mais segurança na entrada e saída de alunos, é preciso ter uma pessoa capacitada para a função. Esse desvio pode ser corrigido com uma conversa com o diretor para haver uma redistribuição de responsabilidades. Já para se livrar da personalidade fiscalizadora, é necessário um processo de conscientização - dele e do gestor - para que sua atuação seja no sentido de assegurar o bom desempenho docente. As secretarias de Educação implantam essa concepção na rede ao investir na capacitação dos gestores. "A formação tem grande peso na construção da identidade profissional, pois quem desenvolve as competências necessárias para o exercício de determinada função sabe bem o que fazer e ganha o respeito de todos", ressalta Vera Lucia Trevisan de Souza, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
Como evitar Um funcionário administrativo pode conferir as condições das salas. A fim de dar mais segurança na entrada e saída de alunos, é preciso ter uma pessoa capacitada para a função. Esse desvio pode ser corrigido com uma conversa com o diretor para haver uma redistribuição de responsabilidades. Já para se livrar da personalidade fiscalizadora, é necessário um processo de conscientização - dele e do gestor - para que sua atuação seja no sentido de assegurar o bom desempenho docente. As secretarias de Educação implantam essa concepção na rede ao investir na capacitação dos gestores. "A formação tem grande peso na construção da identidade profissional, pois quem desenvolve as competências necessárias para o exercício de determinada função sabe bem o que fazer e ganha o respeito de todos", ressalta Vera Lucia Trevisan de Souza, professora da Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas)
O secretário
Perfil Conferir listas de chamadas e arquivá-las. Organizar os horários
para o uso da biblioteca e dos laboratórios. Escrever as atas de todas as
reuniões. Ele faz tudo isso e, não raro, preenche e confere documentos. A
pesquisa constatou que 22% dos entrevistados colocam trabalhos administrativos
na lista de atividades da coordenação pedagógica.
Como evitar Questões burocráticas são atribuições de funcionários da secretaria. É o diretor que pede tanta coisa a ele? É preciso então mudar essa mentalidade. Para Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo, o gestor deve encarar o cotidiano de sua escola como uma responsabilidade coletiva. Assim, cada um faz sua parte para que ninguém fique sobrecarregado. "A rotina funciona bem quando há um trabalho colaborativo, com o envolvimento de todos." O que complica é a burocracia? Então, está na hora de repensar os processos. O problema é a falta de pessoal? Espera-se que o diretor reivindique reforços na Secretaria de Educação.
Como evitar Questões burocráticas são atribuições de funcionários da secretaria. É o diretor que pede tanta coisa a ele? É preciso então mudar essa mentalidade. Para Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo, o gestor deve encarar o cotidiano de sua escola como uma responsabilidade coletiva. Assim, cada um faz sua parte para que ninguém fique sobrecarregado. "A rotina funciona bem quando há um trabalho colaborativo, com o envolvimento de todos." O que complica é a burocracia? Então, está na hora de repensar os processos. O problema é a falta de pessoal? Espera-se que o diretor reivindique reforços na Secretaria de Educação.
O psicólogo
Perfil Quase todo o foco de sua atenção está dirigido aos alunos
indisciplinados. Se há brigas entre colegas de classe, rixa no recreio ou um
garoto hostil com os colegas, ele tenta resolver. Um quarto dos entrevistados
considera sua atribuição a resolução das questões de indisciplina, pois muitas
vezes é o próprio diretor ou um professor quem encaminha as ocorrências para
ele e pede intervenção. Ou são os pais que batem à sua porta em busca de ajuda.
Como evitar Nesse ponto, há uma ressalva. A indisciplina geralmente vem dos alunos que não estão aprendendo e não têm a devida atenção do professor nas suas necessidades de aprendizagem. Nesse caso, o coordenador deve, sim, intervir, pois é sua obrigação cuidar para que a dinâmica da sala de aula inclua a todos e que o professor possa atender à diversidade e ensinar. "É função do coordenador receber a família quando se trata de questões pedagógicas. Se for para resolver brigas do filho com colegas, não", observa Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo. Há uma confusão entre o coordenador pedagógico e o orientador educacional, cuja função é fazer a ponte entre as demandas dos alunos e familiares com a escola. Quando há um na escola, fica fácil resolver esse equívoco. Porém essa figura raramente existe no organograma das redes. Quando não, uma ação de esclarecimento da equipe gestora com funcionários e professores dizendo o que deve ou não ser levado ao coordenador ajuda. Mas antes talvez seja necessário um processo de autoconvencimento de que esse não é mesmo seu papel. "Tem coisas que o coordenador faz porque se sente importante, fundamental na escola", alerta Vera.
Como evitar Nesse ponto, há uma ressalva. A indisciplina geralmente vem dos alunos que não estão aprendendo e não têm a devida atenção do professor nas suas necessidades de aprendizagem. Nesse caso, o coordenador deve, sim, intervir, pois é sua obrigação cuidar para que a dinâmica da sala de aula inclua a todos e que o professor possa atender à diversidade e ensinar. "É função do coordenador receber a família quando se trata de questões pedagógicas. Se for para resolver brigas do filho com colegas, não", observa Luzia Marino Orsolon, diretora do Colégio Assunção, em São Paulo. Há uma confusão entre o coordenador pedagógico e o orientador educacional, cuja função é fazer a ponte entre as demandas dos alunos e familiares com a escola. Quando há um na escola, fica fácil resolver esse equívoco. Porém essa figura raramente existe no organograma das redes. Quando não, uma ação de esclarecimento da equipe gestora com funcionários e professores dizendo o que deve ou não ser levado ao coordenador ajuda. Mas antes talvez seja necessário um processo de autoconvencimento de que esse não é mesmo seu papel. "Tem coisas que o coordenador faz porque se sente importante, fundamental na escola", alerta Vera.
O síndico
Perfil Sua maior preocupação é com o estado do prédio da escola, a quantidade
de materiais de consumo e a carência de pessoal. Cerca de 35% dos consultados
citaram a falta de conservação das instalações, de materiais didáticos e de
pessoal, o número insuficiente de professores e funcionários e salas muito
cheias como sendo problemas do seu cotidiano. A fase qualitativa do estudo
demonstrou ainda que há coordenadores que até empreendem esforços pessoais para
conseguir meios de suprir algumas necessidades mais urgentes e custear
melhorias. "Para arrecadar dinheiro, fiz galinhada, gincana e bingo",
contou um dos entrevistados.
Como evitar Cuidar de recursos e infraestrutura é atribuição do diretor e do vice. Conforme os problemas detectados, eles terão de negociar com a Secretaria de Educação reformas, consertos e reforço de pessoal. Se o coordenador pedagógico está se ocupando em demasia de questões do gênero, é sinal de que a equipe gestora precisa se reunir para rever a divisão de atribuições e o uso adequado de recursos. "Coordenador, diretor e vice precisam se juntarpara fazer uma análise das demandas e resolver como supri-las. O eixo da conversa deve ser o papel de cada um a fim de definir as responsabilidades individuais e as ações coletivas", sugere Vera. Como necessidades novas e urgências surgem todo dia, ela acrescenta que reuniões esporádicas não resolvem. "Os encontros devem ser permanentes e frequentes, semanais ou quinzenais."
Como evitar Cuidar de recursos e infraestrutura é atribuição do diretor e do vice. Conforme os problemas detectados, eles terão de negociar com a Secretaria de Educação reformas, consertos e reforço de pessoal. Se o coordenador pedagógico está se ocupando em demasia de questões do gênero, é sinal de que a equipe gestora precisa se reunir para rever a divisão de atribuições e o uso adequado de recursos. "Coordenador, diretor e vice precisam se juntarpara fazer uma análise das demandas e resolver como supri-las. O eixo da conversa deve ser o papel de cada um a fim de definir as responsabilidades individuais e as ações coletivas", sugere Vera. Como necessidades novas e urgências surgem todo dia, ela acrescenta que reuniões esporádicas não resolvem. "Os encontros devem ser permanentes e frequentes, semanais ou quinzenais."
O relações-públicas
Perfil Tem gincana, festa junina ou
qualquer evento na escola? Ele corta bandeirolas e faz cartazes e convites: 18%
dos entrevistados afirmaram que é tarefa da coordenação se envolver nesses
tipos de atividades extracurriculares. Mais da metade dos coordenadores
entrevistados (54%) diz que gostaria de ter mais tempo para visitar empresas a
fim de firmar parcerias com a escola - tarefa que cabe ao diretor.
Como evitar O coordenador deve orientar a organização de eventos quando esses tiverem relação com os projetos didáticos desenvolvidos pelos professores. Mas veja bem: orientar não é executar. Ele não precisa bancar o relações-públicas ou o promoter. O envio do comunicado aos pais, o agendamento da visita ao museu e outras tarefas do gênero podem ficar nas mãos de funcionários da secretaria, sob o comando dos professores responsáveis pela ação. Se o coordenador tiver alguma ideia de parceria com empresas ou entidades do entorno, deve planejar o projeto junto com os professores, justificando a importância da ação para a ampliação dos conhecimentos dos alunos, e levá-lo ao diretor.
Como evitar O coordenador deve orientar a organização de eventos quando esses tiverem relação com os projetos didáticos desenvolvidos pelos professores. Mas veja bem: orientar não é executar. Ele não precisa bancar o relações-públicas ou o promoter. O envio do comunicado aos pais, o agendamento da visita ao museu e outras tarefas do gênero podem ficar nas mãos de funcionários da secretaria, sob o comando dos professores responsáveis pela ação. Se o coordenador tiver alguma ideia de parceria com empresas ou entidades do entorno, deve planejar o projeto junto com os professores, justificando a importância da ação para a ampliação dos conhecimentos dos alunos, e levá-lo ao diretor.
O assistente social
Perfil De tão tocado com a situação precária da comunidade do entorno, ele
envolve-se com os problemas de desemprego e alcoolismo das famílias dos alunos
e se empenha em juntar alimentos não perecíveis para
distribuir aos mais carentes. Quando sabe que há adolescentes metidos com
drogas na vizinhança, mesmo que não estejam matriculados, tenta agir para que
mudem de vida. Às vezes, busca ajuda de organizações não governamentais para
iniciar algum projeto na escola e ajudar não só os estudantes mas também toda a
garotada do pedaço. A pesquisa revelou que o grupo que considera ações sociais
tarefas do coordenador é pequeno (4%), mas existe.
Como evitar Ações que abram a escola e promovam a interação com a família e a comunidade do entorno - como promover palestras temáticas de interesse geral - são vistas com bons olhos. No entanto, a militância social é iniciativa de outra ordem, que o coordenador pedagógico até pode ter, mas nunca deve ser exercida no horário de trabalho, no qual é sua obrigação se dedicar à formação de professores.
Como evitar Ações que abram a escola e promovam a interação com a família e a comunidade do entorno - como promover palestras temáticas de interesse geral - são vistas com bons olhos. No entanto, a militância social é iniciativa de outra ordem, que o coordenador pedagógico até pode ter, mas nunca deve ser exercida no horário de trabalho, no qual é sua obrigação se dedicar à formação de professores.
Adorei o blog. Sugestivo e de conteúdo interessante. Recomendo!
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